sábado, 19 de junho de 2010

Mensagem sem mensagem


Tanta coisa para dizer, tanta coisa para partilhar e tal como se de uma tela se tratasse, aqui estou de pincel em punho sem saber onde colocar o primeiro apontamento de cor, onde dileanar o primeiro traço, como exprimeir o primeiro pensamento na palavra ou na cor.

Várias emoções me atravessam. A minha gata que se chama "Gata" está doente. Tem 17 anos. Tal como diz a veterinária, muito docemente, já tem direito às doenças todas. Já tem direito às doenças todas? Isto fez-me pensar em algo que há muitos anos alguém me ensinou. O corpo não morre porque está velho. O corpo morre porque já não capacidade para albergar o espirito que, entretanto e ao longo da vida evoluiu e ganhou uma dimensão que o corpo fisico já não consegue albergar, entrando, assim, em colapso.

Morreu Saramago. Uma enorme perda para nós. E para ele terá sido? Confesso que hesitei em escrever a pergunta. Ele profundamente ateu que só considerava haver sacralidade na palavra e na forma como, a pouco e pouco, os humanos a aprendiam a usar. Ele ateu, mas a sacralidade das suas palavras ficará para sempre para nós, os que se sentiram tocados por elas. As suas personagens, as estórias fantásticas que nos contou que tanto nos fizeram emocionar, reflectir e até alterar comportamentos

O MEU MUITO OBRIGADO AMIGO. Vai em paz. Deixaste-nos um legado ímpar.

2 comentários:

  1. Lindo Maria!É uma homenagem com muito sentimento e bem escrita.
    Não te conhecia mas já estás nos favoritos.

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